sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Double

[por acaso esta foto é da minha autoria]

Escrever. Escrita. Letras. Devaneios. Tema? Nem vê-lo. Vontade de escrever? Pouca ou nenhuma. Inspiração? O quê? Que palavra vem a ser essa? Dom? Qual dom? Já ouvi falar disso mas ultimamente concluo que se tenho algum, fugiu para bem longe. E este texto prova como consigo escrever algo confuso sem pés nem cabeça. E então? Não posso? (mas é claro que posso)

Estou cansada e farta. Sinto-me como se tivesse 60 anos e as minhas opções de vida estivessem reduzidas a cinzas.

Preciso de algo novo, de inovar, de renovar, de ideias novas, de descanso, de paz. De muita paz.

De espírito e não só.

Será que está certo? Será que está errado? Será que mereço? Não sei. Sei lá. Talvez sim, talvez não.

Como diria o outro, quanto mais velha, pior.

"E aqui nos encontramos de novo, frente a frente. Como velhas amigas. Mas não o sendo. Nem velhas, nem amigas. E quanto mais olho para ti, menos te conheço. Consigo olhar fundo nos teus olhos e ainda encontrar uma réstia de esperança. Mas será mesmo esperança? Não será uma falsa esperança, como sempre? Não sei.

Só sei que já nada sei, que pouco sei e que à medida que os anos passam sei cada vez menos.

Vejo uma coisa nos teus olhos e outra nos teus actos. Completamente opostas. E acreditar em quê? No que espelham os olhos ou no que os actos revelam? Mais uma vez tantas perguntas sem respostas. Perguntas que nunca vão ser "perguntadas" e respostas que nunca vão ser "respondidas". Mas e que mal tem isso? Que mal tem dizer uma coisa e fazer outra? Que mal julgares que os teus actos provocam sensações boas, sabendo que os teus actos provocam más sensações? Que mal tem fazeres-te passar por parva e tentares meter-me também esse rótulo?

Se gosto? Nem por isso. Mas não faz mal.

Pois minha cara amiga, é algo a que me habituei. Estou apenas e infelizmente à espera do teu próximo passo em falso. Não me vais apanhar desprevenida. Nem magoar. Nem me vais fazer passar por idiota. E sabes porquê? Porque já não me importo contigo como me importava.

Já não és o que eras e jamais vais voltar a sê-lo. Porque falta-te personalidade. Por isso minha amiga, é assim a vida.

A dura e triste vida. Que mais vale ser vivida de forma tranquila, sem nos envolvermos demais, como defenderia um dos heterónimos do grande Pessoa, do qual não me lembro ao certo qual é, mas penso que seja o Ricardo Reis, se a memória não me falha e não me baralha.

E por falar em baralho, minha cara amiga. A vida é um jogo. Mas comigo perdes. Mesmo que ganhes, perdes. Tens vindo sempre a perder.

Até que um dia me vais virar as costas e seguir. Seguir o teu caminho, para bem longe, longe de mim e de ti. Não de nós. Só de mim e de ti. "


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