quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Arrumar

Por vezes a nossa cabeça fica uma bagunça. Quem é que nunca se sentiu assim? Com as ideias baralhadas. Com as ideias fora do sítio. Sem sequer saber distinguir as boas das más ideias?
Acho que, assim sendo, o estado em que por vezes se encontra o meu quarto reflecte-se com o que se passa na minha cabeça: uma autêntica confusão. Mas num é de objectos. Outro é de ideias, pensamentos, memórias e reflexões.

E bem que um dia decidimos arrumar o nosso quarto. Mas arrumar a fundo. Tirar todas as roupas do armário. Tirar tudo o que está nas gavetas. Nas estantes. Virar tudo totalmente do avesso. E começar numa ponta e arrumar. Arrumar tudo no sítio certo. Limpar o pó, levantar a poeira. Organizar as coisas.
No meio disso tudo, acabamos sempre por encontrar coisas que nos chamam a atenção e nos fazem recordar coisas, como um bilhete, uma fotografia, uma camisola que já não nos serve ou até mesmo um objecto perdido. E o que é uma arrumação, torna-se ao mesmo tempo um recordar de coisas. De nós próprios, até.

Acabamos então por meter algumas coisas para o lixo. Coisas que já não servem, que já não têm valor ou que simplesmente já não fazem sentido. E claro está, há coisas que guardamos sempre, com muito amor e carinho.

Por vezes é preciso parar para pensar, para reflectir e arrumar também as ideias, organizar a nossa cabeça, limpar a nossa mente.
Trazer à baila memórias antigas. Mas não aquelas tristes. Aquelas que nos metem um sorriso e um brilho nos olhos. Ou nos fazem rir ao ponto de quem nos encontrar em tal estado achar que somos loucos por estarmos a rir sozinhos. Recordar tudo e mais alguma coisa, reflectir depois.
Portanto, há que arrumar a cabeça como quem arruma um quarto: as recordações, teorias, ideias, valores e ideais que já tivemos/recordámos/usamos que continuam a fazer sentido: guardam-se. O que não faz sentido também, mas arruma-se noutra gaveta. Tudo tem a sua utilidade, mesmo as experiências menos boas. Nem que seja para aprender a não repeti-las.
As coisas que usamos diariamente, arrumam-se apenas. Ficando a jeito de pegar.
As coisas futuras, não se arrumam, porque elas virão. Elas virão.

Agora, as coisas antigas, que não prestam, que nos fazem mal, que são simplesmente lixo, há que metê-las precisamente aí. Aí mesmo: no lixo. E tudo o que é mau, deve ir mesmo para a lixeira. Nada de reciclagem nestas coisas. Mas antes de as deitares fora, certifica-te que aprendeste alguma coisa com elas.
Depois joga fora. Mete no lixo. Atira pela janela. Simplesmente deixa de pensar nisso.
E vive. E vive.

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