Por vezes a nossa cabeça fica uma bagunça. Quem é que nunca se sentiu assim? Com as ideias baralhadas. Com as ideias fora do sítio. Sem sequer saber distinguir as boas das más ideias?
Acho que, assim sendo, o estado em que por vezes se encontra o meu quarto reflecte-se com o que se passa na minha cabeça: uma autêntica confusão. Mas num é de objectos. Outro é de ideias, pensamentos, memórias e reflexões.
E bem que um dia decidimos arrumar o nosso quarto. Mas arrumar a fundo. Tirar todas as roupas do armário. Tirar tudo o que está nas gavetas. Nas estantes. Virar tudo totalmente do avesso. E começar numa ponta e arrumar. Arrumar tudo no sítio certo. Limpar o pó, levantar a poeira. Organizar as coisas.
No meio disso tudo, acabamos sempre por encontrar coisas que nos chamam a atenção e nos fazem recordar coisas, como um bilhete, uma fotografia, uma camisola que já não nos serve ou até mesmo um objecto perdido. E o que é uma arrumação, torna-se ao mesmo tempo um recordar de coisas. De nós próprios, até.
Acabamos então por meter algumas coisas para o lixo. Coisas que já não servem, que já não têm valor ou que simplesmente já não fazem sentido. E claro está, há coisas que guardamos sempre, com muito amor e carinho.
Por vezes é preciso parar para pensar, para reflectir e arrumar também as ideias, organizar a nossa cabeça, limpar a nossa mente.
Trazer à baila memórias antigas. Mas não aquelas tristes. Aquelas que nos metem um sorriso e um brilho nos olhos. Ou nos fazem rir ao ponto de quem nos encontrar em tal estado achar que somos loucos por estarmos a rir sozinhos. Recordar tudo e mais alguma coisa, reflectir depois.
Portanto, há que arrumar a cabeça como quem arruma um quarto: as recordações, teorias, ideias, valores e ideais que já tivemos/recordámos/usamos que continuam a fazer sentido: guardam-se. O que não faz sentido também, mas arruma-se noutra gaveta. Tudo tem a sua utilidade, mesmo as experiências menos boas. Nem que seja para aprender a não repeti-las.
As coisas que usamos diariamente, arrumam-se apenas. Ficando a jeito de pegar.
As coisas futuras, não se arrumam, porque elas virão. Elas virão.
Agora, as coisas antigas, que não prestam, que nos fazem mal, que são simplesmente lixo, há que metê-las precisamente aí. Aí mesmo: no lixo. E tudo o que é mau, deve ir mesmo para a lixeira. Nada de reciclagem nestas coisas. Mas antes de as deitares fora, certifica-te que aprendeste alguma coisa com elas.
Depois joga fora. Mete no lixo. Atira pela janela. Simplesmente deixa de pensar nisso.
E vive. E vive.
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
terça-feira, 1 de novembro de 2011
Essa história do príncipe encantado
Essa eterna história do príncipe encantado, que vem no seu cavalo branco salvar a donzela indefesa que está presa na torre. Essa eterna história, que é tão bonita, mas tão pouco aplicada ao real.
A verdade, é que levamos com essas histórias, logo pela infância, com os contos de fadas. E assim continuamos com as comédias românticas. Mas são historias. São históricas encantadas, mas inventadas também. Saídas da cabeça de alguém, e não da vida real. A maior parte, claro, existem sempre excepções.
Gostava bastante de conseguir continuar a acreditar nisso, mas é impossível. Completamente impossível.
Admiro quem o faça. A sério que admiro. Do fundo do coração. Quem continue fechada na torre, a ver a vida passar, oportunidades a passar, à espera que o príncipe encantado apareça e a salve. E de quê? Dela própria. Dela mesma.
Admiro quem continue a acreditar que nas relações tudo é perfeito, tudo é bonito, e que acertam à primeira tentativa. Sem cair. Sem tropeçar. Sem sofrer.
Admiro quem acredita.
E invejo quem teve essa sorte, de acertar à primeira.
Eu também acreditava nisso. Também ficava na torre, à espera de um príncipe encantado. Também ficava fechada, dentro de mim mesma, a ver a vida passar. E a verdade, é que um dia apareceu um. Pensava eu. E simplesmente atirei-me da torre. Em queda livre. E pensava que ele ficava cá em baixo, para me agarrar. Mas não ficou. E a queda livre, foi mesmo queda. Uma grande queda.
E nas histórias encantadas, não é assim que acontece. Ela salta da torre, ele agarra-a e vão os dois.
Mas não foi assim comigo. Levantei-me. Ergui a cabeça, e segui, mundo fora. Mais frágil, mas ao mesmo tempo mais forte.
Voltar para a torre, nunca. Nunca mais.
Agora que me mandei dela, que caí dela, não pretendo voltar lá. Continuo em queda livre. Mas a diferença é que não espero que ninguém me apanhe. Não espero que um príncipe encantado apareça do nada e me apare a queda.
Eu vou mundo fora.
Quanto a príncipes encantados, ou sem encanto, pode ser que um dia esbarre um em mim. Um dia. E quando isso acontecer, não irei regressar a uma torre. Mas irei para um castelo.
A verdade, é que levamos com essas histórias, logo pela infância, com os contos de fadas. E assim continuamos com as comédias românticas. Mas são historias. São históricas encantadas, mas inventadas também. Saídas da cabeça de alguém, e não da vida real. A maior parte, claro, existem sempre excepções.
Gostava bastante de conseguir continuar a acreditar nisso, mas é impossível. Completamente impossível.
Admiro quem o faça. A sério que admiro. Do fundo do coração. Quem continue fechada na torre, a ver a vida passar, oportunidades a passar, à espera que o príncipe encantado apareça e a salve. E de quê? Dela própria. Dela mesma.
Admiro quem continue a acreditar que nas relações tudo é perfeito, tudo é bonito, e que acertam à primeira tentativa. Sem cair. Sem tropeçar. Sem sofrer.
Admiro quem acredita.
E invejo quem teve essa sorte, de acertar à primeira.
Eu também acreditava nisso. Também ficava na torre, à espera de um príncipe encantado. Também ficava fechada, dentro de mim mesma, a ver a vida passar. E a verdade, é que um dia apareceu um. Pensava eu. E simplesmente atirei-me da torre. Em queda livre. E pensava que ele ficava cá em baixo, para me agarrar. Mas não ficou. E a queda livre, foi mesmo queda. Uma grande queda.
E nas histórias encantadas, não é assim que acontece. Ela salta da torre, ele agarra-a e vão os dois.
Mas não foi assim comigo. Levantei-me. Ergui a cabeça, e segui, mundo fora. Mais frágil, mas ao mesmo tempo mais forte.
Voltar para a torre, nunca. Nunca mais.
Agora que me mandei dela, que caí dela, não pretendo voltar lá. Continuo em queda livre. Mas a diferença é que não espero que ninguém me apanhe. Não espero que um príncipe encantado apareça do nada e me apare a queda.
Eu vou mundo fora.
Quanto a príncipes encantados, ou sem encanto, pode ser que um dia esbarre um em mim. Um dia. E quando isso acontecer, não irei regressar a uma torre. Mas irei para um castelo.
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