quarta-feira, 17 de novembro de 2010




Eu não me esqueci. Não me esqueci de me lembrar. Não me esqueci de me esquecer.
Mas esqueci de te dizer que não me esqueci.
É bom que assim seja. Pois é assim que tem de ser.
É como um puzzle. Não vale a pena forçar duas peças que não se encaixam. Especialmente se uma das peças foi mudada.
É como escrever. Escrever não é mais que um puzzle. As palavras encaixam-se umas nas outras. Uma palavra pode não encaixar bem numa frase. Então, usa-se outra palavra e pronto. Fica perfeito. Mas perfeito não, porque nada é perfeito. Mas fica bem. Pelo menos fica bem.


Simplesmente já não és a peça que serve. Já serviu e apenas por um motivo. Mas esse motivo deixou de ser válido. Sendo que o mesmo, não tinha prazo de validade. Mas há prazos que são atribuídos. Prazos de validade. Ou porque convém, ou por cobardia. Ou porque sim. Ou porque não. Ou só porque me apetece que tenha prazo.

Porque de um dia para o outro, é normal que me tenha uma amnésia e esqueça tudo. É normal quando se tem a coragem proporcional ao tamanho do cérebro: zero.
Também é normal meter a pata na poça, várias vezes, mas nunca admitir. Eu não erro, eu acerto é ao lado. Mas errar, nunca. É uma consciência proporcional ao cérebro: em falta. E pedir perdão? Está fora de questão. Se o meu ego é maior que o que sinto, porquê pedir desculpa? Mais vale deitar tudo a perder.

O tempo é relativo. O que umas pessoas consideram anos, outras consideram dias ou horas. Há quem regule o tempo pela falta de cabeça e pela falta de memória.
Portanto, há que fazer exactamente o mesmo. Amor com amor se paga. Ou falta dele, também.

O que eu considero normal, há quem considere anormal. E será isso normal? Não. Sim. Não sei. Talvez. É relativo. Depende da perspectiva. Ou simplesmente não quero saber.
É preferível ignorar tudo, esquecer tudo, apagar tudo. Ter o botão "delet" na cabeça, dava mais que muito jeito. Mas como não tenho, esqueço à moda antiga. À moda de sempre e de antigamente. Do meu modo, da minha maneira. Devagar, devagarinho, vou conseguindo. Uns dias mais e melhor, outros dias menos. Mas devagar se vai ao longe, segundo dizem. Mas atenção, também não vou a passo de caracol. E um dia, quando me apetecer, faço umas corridas de velocidade por esse caminho fora que me espera. Se cair, caí. Além de me levantar, já dei quedas piores. E ainda aqui estou. Aqui, deste lado. Mas não do teu lado. Já não. Jamais, talvez.

1 comentário:

dandelion me disse...

Não tenho palavras... É que escreves tão bem, em todos os sentidos.
Meu Deus...

... Qualquer coisa que precises <3