quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Ponto

Portanto, são 3h da manhã e novamente a noite vem-me encontrar sem sono.
Há algo que me perturba, que me rouba o sono. E enquanto eu fico aqui, outros dormem descansados...como se nada fosse, como sempre!
Já podia ter ido dormir. Mas não. Preferi ficar acordada na esperança de finalmente algo ser realmente diferente daquilo que tem sido ao longo de um belo tempo. Belo no sentido mais irónico que possa existir. Mas enfim, já devia estar à espera.
Já devia prever que nada ia ser como era dito. Que as palavras só passam disso mesmo. As promessas então são falsas palavras de gente que não tem boa fé. Ter até tem. Mas para coisas realmente desnecessárias e pouco interessantes.



Enfim, continuando a divagar...
São pouco mais de 3h da manhã e continuo a escrever. É um bom método para me acalmar.
Quando fico irritada, das 3 uma: ou parto tudo (no sentido figurado, mas se encontrar algo a jeito para partir, vai), ou choro que nem uma Maria Madalena (os nervos dão-me para isto, desde que as hormonas femininas subiram em flecha então, nem digo nem conto, nem comento) ou escrevo. Como são, 3h da manhã (como voltei a referir e pela terceira vez), não posso partir nada. Porque iria fazer barulho e perturbar o sono de quem merece realmente descanso. Podia chorar. Mas as lágrimas de nada me adianta e simplesmente não há lágrimas. Não tenho vontade de chorar. Mas de escrever? Felizmente ou infelizmente, dependendo do ponto de vista do leitor (ou leitora).


E consegui escrever um parágrafo sem ter dito nada de jeito. A minha mente a este hora é realmente brilhante! (ai, doce ironia, para aqueles que lerem isto e que o cérebro seja demasiado limitado. Ou simplesmente para aqueles que lerem isto e não me conhecerem)!!
Enfim, ultimamente dadas as circunstâncias a nível académico e por falta de opções, tenho-me tornado pessimista. Bastante pessimista, diga-se. Sem sorte, coisa que felizmente até agora não me tinha faltado (sim isto não faz sentido, mas não é para fazer).
Mas desta vez foi diferente. Desta vez voltei a dar o benefício da dúvida, como fiz por inúmeras vezes, tantas que até já perdi a conta.
Nunca se sabe não é. Todos erram, há que dar o benefício da dúvida. E eu dei.
E errei. Sim eu também erro!! E apesar de ser mulher, temos tomates suficientes para o admitir na hora. E não dias depois...
Errei ao dar o benefício da dúvida.
Porque o que mais temia confirmou-se.

E tinha algo que me dizia que não devia dar esse benefício. Que devia desconfiar (sim, eu sou desconfiada para quem não sabe). Há quem lhe chame sexto sentido. Eu chamo intuição feminina. Posso não fazer xixi de pé como um machão (e aqui eu devia ter trocado estes termos grosseiros por "posso urinar de pé como um exemplar da espécie masculina, mas não me apeteceu mudar), mas a minha intuição nunca falha. É como aRexona, nunca falha (Boa Ana Patrícia, piadas secas a esta hora são do melhor).
A minha intuição estava certa.
Obrigada por confirmares.
E infelizmente confirmares.
Já devia esperar, mas como dei o benefício da dúvida...
-Mas é grave Sra Doutora Ana Patrícia (nunca quis ser médica nem nada que se pareça)?
-Claro que não, meu caro paciente.
-Então explique-me lá o porquê desta sua chamada ao seu consultório.
-Bem me caro paciente. Acho que temos novamente um problema. Já lhe passei receita médica por diversas vezes e das duas uma: ou o paciente não toma o remédio ou os medicamentos não fazem efeito.
-Ai mas Sra Doutora, eu tenho-me esforçado tanto.
-Não duvido disso meu caro paciente, mas o seu esforço simplesmente não está a resultar. Se isto continuar assim terá de procurar consulta noutro lado.
-Mas oh Sra Doutora, tenha paciência. Não me faça isso, não me mande embora, eu só quero a Doutora para me consultar. Estou tão habituado às suas consultas que posso dizer que já não consigo viver sem elas!
-Puder podia, mas não era a mesma coisa.
-Não Sra Doutora, não podia...
-Cala-se lá com essa conversa, senão daqui vai direito ao consultório de Psicologia.
-Pronto, vou-me calar.
-Portanto meu caro paciente, isto é o seguinte: o meu amigo vai sair daqui e vai voltar quando realmente estiver mudado.
-E se não mudar?
-Simplesmente não volte a aparecer.

Enfim.
Não vale a pena. Já não vale a pena.
Cada vez estou mais consciente disso. Estou a fazer um drama? Talvez, talvez. Mas se sou especialista nisso, se tenho essa fama, estou-lhe única e simplesmente a tirar-lhe o proveito.
Ainda pensei que realmente a mudança tivesse sido verdadeira. Mas a minha intuição feminina, aquela coisa, o sexto sentido, dizia-me que não.
Que era novamente apenas palavras, apenas actos momentâneos, apenas bons momentos que mais tarde ou mais cedo iriam dar lugar aos velhos e maus hábitos. E deram mesmo.

São quase 4h da manhã e ainda estou a escrever. E ainda consigo ficar feita parva a olhar para o visor do meu telemóvel à espera de um milagre. Enfim, pobre e triste alma sonhadora. A minha cabeça até é bastante racional, mas o meu coração...E por enquanto ainda é ele que manda, quando deixar de ser, as coisas mudam. Definitivamente.
Mas é algo grave? Perguntas tu e perguntam vocês? Sim e não.
Sim porque é o recomeçar de algo que estava à espera, de algo que é habitual e de algo que me incomoda.
E não, porque não é algo novo, é algo a que estou habituada.
E é algo que é mau.
Estou cansada, cansada, cansada, preciso de descansar. Estou farta. Já bati com a cabeça mais de 17 vezes na parede e ainda assim não aprendi a lição. Talvez um dia aprenda. De vez.
Mas é algo grave? Perguntas tu e perguntam vocês? Sim e não. Mas é algo grave o suficiente para me tirar o sono e me deixar enervada. E tinha escrito mais coisas, mas por sorte a internet foi novamente abaixo e não gravou o que tinha escrito. E claro está que não me lembro do que escrevi. Também a esta hora. Pudera!

Enfim, acho que me vou ficar por aqui. Isto é simples. Hoje escrevi Ponto, talvez outro dia escreva Final. E talvez noutro dia ainda escreva Ponto Final. Neste momento isso não depende de mim...mas enfim, não adianta não é assim? O João Pestana acabou de me visitar! Ai meu velho amigo, que saudades tuas!!
Vou-me deixar destas tretas que não me levam a lado nenhum e vou realmente descansar. Mais vale perder o meu tempo com algo que valha realmente a pena como dormir. Por vezes esqueço-me o quanto gosto de o fazer, de dormir!
Para terminar, neste momento não existe a palavra nós. Existe apenas a palavra tu e eu. E não está nas minhas mãos mudar tudo.
Porque nada muda, apenas se transforma. Para melhor ou para pior. E para pior, é impossível!




segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Tudo e nada.

[neve, neve]

"Sabes, és-me tudo mas eu não tenho nada para te contar. És-me tudo mas eu não tenho nada para te falar. És-me tudo, mas eu não tenho nada para te dizer. A ti, a ti em particular. Mas eu não tenho nada em particular para ti. És-me tudo, mas eu não tenho nada para te contar, nada para te dizer. Quanto aos outros não sei, mas arranja-se sempre tema de conversa. Contigo não se fala de nada, porque contigo não se pode falar de tudo. Embora contigo isso devesse acontecer.

És-me tudo mas não tenho nada para ti. Para os outros, talvez tenha, mas não podes saber de nada! Tens de pensar e esperar que esteja sempre tudo bem. Nem que isso seja apenas ilusão da minha cabeça, ilusão essa em que quero permanecer e quero que permaneças.

És-me tudo mas eu não tenho nada para falar contigo. Com outros tenho sempre. Com eles posso conversar sobre tudo, sobre o que quiser.
Contigo não posso conversar nada. E tu comigo só podes conversar sobre aquilo que eu quiser. E porquê? Porque eu só ouço o que me convém, não ouço tudo aquilo que me dizem. Se me dizem bem, respondo "Hã? Não ouvi!" Se me dizem mal, respondo "boa". Faço tudo aquilo que os outros me dizem para fazer, mesmo que essa não seja a minha vontade. Porque se não o fizer, o que podem pensar os outros de mim? TUDO! Mas a opinião deles conta? Não, claro que não, não conta para nada. Mas faço tudo para os agradar, senão passo a ser nada para eles. E isso não pode ser.

És-me tudo quando estás longe. Bem longe. Porque quando estás por perto és-me nada. Quando estou contigo tenho de aproveitar o tempo com tudo o resto. Aproveito tudo, menos estar contigo. Porque senão perco tudo. Não tenho nada contra ti, aliás, como gosto de dizer és-me tudo. Mas tenho de ocupar o meu tempo com tudo o resto, senão passo a ser considerado nada. Tudo o resto é muito mais interessante. As novas tecnologias, então, se as largar por um minuto passo a não entender nada delas. E passo a não ter contacto com tudo o resto, com todos os outros. E isso não pode ser. Elas são-me tudo. Não passo sem elas. Sem elas não era nada.

És-me tudo, mas tudo o resto é o que realmente me importa, o que realmente me interessa e o que realmente me preocupo. Os outros é que têm sentimentos, os outros é que estão mal. Agora tu? Tu não. Se me és tudo, como podes sentir-te mal? Preciso de me preocupar com tudo o resto para continuar a ser tudo para muita gente. Mesmo que um dia o deixe de ser para ti."

E faz sentido? Não, nada. Fazes uma coisa, dizes outra. Contradição, contradizer. De uma vez por todas, diz-me tudo. Tudo o que quero ouvir. Tudo o que preciso de ouvir, mesmo que não queira ouvi-lo. Mas não, não me digas coisas que não sentes. Não me digas que te sou tudo. Diz antes que sem mim não és nada...para que nada passe a ser tudo e para que tudo volte a fazer todo o sentido...